O Dia da Baiana do Acarajé, celebrado no próximo sábado, 25, vai ser comemorado na cidade de Itaparica, na Região Metropolitana de Salvador, com a realização do I Festival do Acarajé. O objetivo é promover a cultura baiana através da gastronomia, reunindo os mais diversos amantes do quitute, e exaltar o ofício das baianas de acarajé que é considerado um patrimônio histórico cultural brasileiro.
O acarajé é um símbolo de resistência da cultura afro-brasileira e representa a importante contribuição das mulheres pretas, não apenas na gastronomia, mas também na construção social do país.
Durante o evento, as mulheres terão a oportunidade de aprender as técnicas e os segredos da preparação do famoso bolinho feito de massa de feijão fradinho frito no azeite de dendê, em uma aula aberta ao público. O festival ainda prevê atividades culturais, como apresentações de grupos de roda de samba e capoeira. O I Festival do Acarajé de Itaparica integra a programação em comemoração do Novembro Negro da cidade.
O acarajé é uma das comidas de rua mais antigas do Brasil e sua comercialização teve início há quase 300 anos durante o período da escravidão, segundo a presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Rita Santos. A receita foi trazida da África pelos negros escravizados do Benin e da Nigéria, com o nome de “Acará”, e logo ganhou as ruas dos estados da Bahia, Rio de Janeiro e Recife. Na época, mulheres negras escravizadas usavam o dinheiro da venda dos quitutes para comprar a sua própria alforria.
Tradição e sustento
Após a abolição da escravidão, o acarajé passou a ser oferenda nos terreiros de candomblé, e seu significado na culinária e cultura popular brasileira são indissociáveis das baianas, que continuam perpetuando a tradição africana e ganhando o sustento de suas famílias através da venda da iguaria.
Patrimônio cultural
O ofício das baianas de acarajé foi registrado como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) em 2005 no Livro dos Saberes. Em 2012, as baianas de acarajé foram reconhecidas como Patrimônio Imaterial da Bahia e seu ofício entrou para o livro de Registro Especial dos Saberes e Modos de Fazer do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).
Segundo a presidente da ABAM, Rita Santos, a venda do acarajé esta atrelada à religião de matriz africana. Embora possa ser vendido por pessoas que não sejam adeptas das religiões de matriz africana, desde que sejam cumpridas as regras previstas no decreto do IPHAN no que diz respeito à indumentária. “A baiana do acarajé tem direitos e obrigações. A baiana só é considerada patrimônio se ela seguir as regras do patrimônio e deve estar na rua saia, bata e torço. Senão, ela é meramente uma vendedora de bolinho ”, afirmou.
Fonte: ATarde