Virar alvo da ação de roubo de suspeitos com facões em punho não é uma exclusividade do Sam’s Club da Avenida ACM, que registrou um caso do tipo no último domingo (17). Na região do Caminho das Árvores, ataques com facão passam longe de ser uma novidade. Em uma farmácia, localizada no cruzamento entre a Rua Aristides Fraga Lima e a Avenida Paulo VI, houve 20 assaltos em que bandidos estavam com facão em 2023. De acordo com um segurança do local, que prefere não revelar seu nome para não virar alvo dos suspeitos, afirma que a farmácia já foi assaltada por um grupo de cinco pessoas.
“Nunca vêm sozinhos. Já chegaram em dupla, com três, quatro e até cinco bandidos. Virou costume aqui e, só nesse ano, fizeram 20 assaltos. Só tem eu em um turno e um colega no outro, não tem como segurar os caras que chegam com facão apontado para todo mundo. A gente até instalou um sistema de alarme para acionar na chegada deles, mas só faz o roubo ser mais rápido para conseguirem fugir. E, às vezes, uns mesmos caras roubam mais de três vezes”, relata ele,
No caso dessa farmácia, a maioria das ações não tem como intuito levar dinheiro do local. O alvo, na verdade, são os produtos dispostos nas bancadas da loja. “Não levam celular ou chegam no caixa para pegar o dinheiro. Eles chegam com aquele saco grande de farinha de trigo e pegam os produtos. Toda vez pegam, principalmente, protetor solar e desodorantes. Acho que é porque é mais fácil revender. Fiquei sabendo que um deles, no mesmo dia de um assalto aqui, botou uma banca lá na frente do metrô vendendo desodorante a R$ 5 para as pessoas que passam por lá”, completa o segurança.
Mais à frente, no encontro entre a Alameda das Espatódeas e a Rua do Timbó, os relatos de roubo em que bandidos aparecem com facão são diversos. Em uma farmácia do local, diferente do que acontece na Rua Aristides Fraga Lima, os suspeitos entram para roubar o dinheiro em caixa. “Eles chegam e vão direto para o caixa, tirando o facão pro debaixo da camisa. Toda vez pedem o dinheiro que está aqui e algumas vezes tivemos prejuízos de mais de R$ 1 mil. Aqui e em outras, eles atacam porque sabem que é pouco movimentado, vai ter no máximo um segurança sem arma e a gente fica exposto”, fala uma funcionária, sem revelar a sua identidade.
Ela destaca ainda que os suspeitos são pessoas que vivem na região. “Não são aqueles bandidos que chegam de carro ou moto com arma em mãos e nem são daqui. Os bandidos que usam facão vivem andando por aqui e atacam quando a oportunidade aparece para eles. Chegam a pé ou de bicicleta para roubar. E aqui também a gente já vê uns caras que são conhecidos por assaltar mais de uma vez”, pontua ela. Na região do Caminho das Árvores, funcionários de oito farmácias relataram assaltos com facão. Em um dos casos, uma cliente teve pertences e celulares roubados.
A Polícia Civil da Bahia (PC) foi procurada pela reportagem para responder sobre número de ataques com arma branca na capital, mas informou que não dispõe desse tipo de dado.
Fonte: Correio