Autores que tiveram as obras contempladas e publicadas pelo Selo Literário João Ubaldo Ribeiro estiveram presentes em uma roda de conversa promovida pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), na Bienal do Livro Bahia, no Centro de Convenções de Salvador, na Boca do Rio. A atividade foi realizada na terça-feira (30), penúltimo dia do evento, no espaço Café Literário.
Participaram do bate-papo os autores Marina Martinelli, Amós Santos, Saulo Dourado, Cláudio Rafael de Souza e Marcus Vinícius Rodrigues, com a mediação da gerente de Biblioteca e Promoção de Livro e Leitura pela FGM, Jane Palma. Também estiveram presentes o presidente da FGM, Fernando Guerreiro e o antropólogo, pesquisador e presidente da Academia de Letras da Bahia, Ordep Serra, que foi um dos contemplados pelo Selo João Ubaldo Ribeiro Ano I.
Guerreiro destacou a diversidade de gêneros como uma das características mais interessantes do Selo. “É um projeto que surgiu em 2014, à época, o homenageado, João Ubaldo Ribeiro, estava vivo, e é um projeto muito interessante, principalmente pela diversidade. Temos vários gêneros, até mesmo produções teatrais que foram adaptadas para o livro, e premiamos autores variados. Além disso, de certa forma aquecemos a cadeia produtiva do livro e principalmente da leitura, porque livro sem leitor não existe”.
“Esse é um projeto que vem continuando, cada vez com mais qualidade, e uma das grandes realizações que a gente tem, um dos prêmios mais importantes do Brasil e que está revelando muita gente de alta qualidade. Com certeza é um grande incentivo à produção literária e à leitura, ainda mais porque Salvador tem uma rede de bibliotecas conectadas que faz a distribuição, o que incentiva o aumento do número de leitores e um tipo de leitura que trabalha pela melhor qualidade de vida do povo, pela democracia. Então a Prefeitura está de parabéns”, opinou Ordep Serra.
Durante a roda de conversa, alguns exemplares do selo Ano II e III foram sorteados para o público. Na ocasião, Jane Palma também anunciou dois eventos do Selo João Ubaldo Ribeiro previstos para este ano: o lançamento das obras do Ano IV, em uma noite de autógrafos, no próximo dia 22, e o lançamento do edital do Ano V no dia 25 de julho, Dia do Escritor.
“Acredito que estamos cumprindo a missão de difusão do autor baiano. Todos os ganhadores do Selo João Ubaldo Ribeiro do último ano tiveram o primeiro livro deles publicado, então estamos fazendo o nosso papel de promover políticas públicas para a leitura, colocando na praça novos escritores, trazendo-os para uma Bienal, que é um evento nacional de literatura e de promoção de livro e leitura. Para eles é importante e para nós, que fomentamos e fazemos políticas públicas, também”, avaliou Jane.
Processo criativo – O escritor Marcus Vinícius Rodrigues, que também é vice-presidente da Academia de Letras da Bahia, contou como foi o processo de criação do Manual para Composição de Vitrais, livro de poesias, contemplado com o Selo Ano II. “Eu passei um tempo matutando como fazer um livro de poesias que tivesse uma unidade. Como eu não estava conseguindo trabalhar isso, acabei pegando a unidade a partir da falta dela, que é um estilhaço e fiz o manual. Quando a gente é visto em um concurso, em um prêmio, significa que de alguma forma a gente conseguiu chamar a atenção”, contou. Para ele, o selo é muito importante ter essa literatura mais inclusiva dentro da Bienal, que é um espaço caracterizado pela comercialização de livros e de outros produtos.
O autor Amós Rodrigues foi um dos contemplados pelo Selo Ano IV na categoria estreante Literatura Negra, com o livro O Evangelho Segundo os Negros, e disse ter ficado muito feliz com a escolha. “Eu já trabalhava com contos que proporcionavam uma reflexão um pouco aprofundada. Eu também trabalho na área de Segurança Pública e convivo com situações de violência, então a minha ideia inicial era produzir contos sobre a violência urbana no Brasil Contemporâneo. Em determinado momento, eu me deparei com a chacina do Cabula e comecei a escrever sobre esse fato”, contou.
“Ao final do processo, eu tentei fazer um convite para que esse evangelho não fosse mais escrito desta forma e que pudéssemos construir um novo tipo de liturgia de convívio em sociedade e de valorização humana no Brasil. Eu acho muito interessante que tenhamos esse tipo de categoria, porque às vezes nós, enquanto artistas e escritores, podemos nos colocar no lugar de outras pessoas e isso é um fator que pode nos levar a lugares muito interessantes. Então, eu compus um universo, dando voz às pessoas e sempre falo que os personagens são como filhos meus e que as pessoas possam ouvir as vozes dessas pessoas que de alguma forma me procuram em pensamento para que essas vidas não virem números”, complementou.
Selo João Ubaldo Ribeiro – O Selo João Ubaldo Ribeiro tem como finalidade o fortalecimento do campo da literatura em Salvador, viabilizando, por meio de edital público, a seleção e publicação de obras inéditas de autores soteropolitanos e/ou residentes em Salvador, em oito gêneros: Contos, Crônicas, Dramaturgia, Literatura Infantil, Poesia, Romance, Literatura Negra e Livre. Cada autor tem mil exemplares publicados da obra selecionada.
Bienal – A Prefeitura, por meio da FGM, participou desta edição da Bienal do Livro Bahia com 14 ações em três espaços: o Café Literário, o Espaço Infantil e o Stand Casa das Histórias de Salvador, em parceria com o Coletivo Casa das Editoras Baianas. Na quarta-feira (1º), último dia do evento, o Stand Casa das Histórias de Salvador teve o lançamento do Programa Turismo Inclusivo; a roda de conversa História que a Bahia conta: Literatura do Século XXI; e uma apresentação das editoras do coletivo Casa das Editoras Baianas.
No Espaço Infantil, o projeto Biblioterapia foi apresentado por Francineide Souza e Deborah Miranda. O projeto envolve uma dinâmica de história e montagem de mosaico, promovendo o crescimento pessoal e o bem-estar emocional por meio de uma abordagem terapêutica.
Reportagem: Priscila Machado/Secom PMS
Texto/Foto: Secom Salvador