Após uma segunda-feira de nervosismo nos mercados globais, com a notícia de que a economia dos Estados Unidos pode entrar em recessão em 2025, o dólar fechou o dia, ontem, com queda de 1,48%, cotado a R$ R$ 5,65, e o Ibovespa com alta de 0,80%, aos 126.267 pontos. No pregão anterior, a moeda americana chegou a superar o patamar de R$ 5,80.
Apesar do momento de “incertezas”, contudo, aos investidores, analistas ouvidos por A TARDE aconselham “cautela”, não acreditar em tudo o que se ouve e evitar o “efeito manada”.
Sócio na TRX Investimentos, Gabriel Barbosa destaca que a expectativa é que o banco central americano (Fed) comece a cortar juros na reunião que vai acontecer em setembro, favorecendo as economia emergentes como um todo, “com o Brasil inserido nesse contexto”. Segundo ele, as oscilações com possíveis efeitos de curto prazo são comuns ao mercado, e o dólar deve continuar caindo frente ao real.
“Embora o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil) tenha defendido hoje (ontem) que vai fazer de tudo para manter a inflação dentro da meta, inclusive com possibilidade de aumento da taxa Selic, hoje, esse não é o cenário base. O dólar deve passar por momento de desvalorização em comparação ao real, inclusive esse é o movimento que temos visto nos últimos dias. Caindo razoavelmente muito por conta disso, uma expectativa de que o BC segure a Selic por mais algum tempo. Em contrapartida, o Fed sinalizando uma baixa dos juros, isso vai favorecer os ativos de renda variável no mundo inteiro, e tende a favorecer no Brasil também, tirando essa nuvem de incertezas de agora”, afirma o gestor do fundo imobiliário TRX Real Estate (TRXF11).
Olhar ampliado
Ainda de acordo com Barbosa, mais importante do que tentar o tempo todo se adaptar ao humores do mercado, a dica é que os investidores “tenham um olhar mais ampliado sobre os seus portfólios, buscando alguma proteção para o presente, mas focando em estabilidade e ganhos futuros”.
A chave para isso, ele diz, é a “diversificação”.
“Principalmente para as pessoas físicas, é importante não se desesperar com qualquer barulho no mercado e evitar o efeito manada, comprando e vendendo ativos a cada novo anúncio do Banco Central, discurso de político ou conselho de especialista”, fala.
Vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon), Edval Landulfo lembra que, além do temor de recessão nos EUA, o nervosismo de segunda veio acompanhado das notícias do Japão tentando estabilizar o Iene, com a injeção de dólares na economia, além do fato de a Berkshire Hathaway, empresa de investimentos de Warren Buffett, ter vendido quase metade da participação na Apple (AAPL34) no último trimestre.
“Foram muitas notícias ruins ao mesmo tempo, o investidor, portanto, teve um pouco de razão. Mas é preciso manter a perspectiva a longo prazo, e não vender posições. Nana em economia surte efeito para ontem. Não temos ainda nenhuma sinalização de que a economia americana vá entrar em recesso. A normalização do dólar (ontem) significa que as informações (veiculadas) não têm tanto fundamento assim”, conta.