Partidas de 100 minutos? Assim como Perluigi Collina, presidente do comitê de arbitragem da Fifa, anunciou antes da Copa do Mundo do Catar, os árbitros deram vários minutos de acréscimo nos primeiros jogos do torneio, muito além dos 90 regulamentares, o que gerou imagens de jogadores no limite de suas forças.
De acordo com a BBC, as quatro primeiras partidas do Mundial tiveram 65 minutos extras. O jogo com mais tempo de acréscimo foi Inglaterra-Irã (6-2), que teve 117 minutos no total, 14 deles no fim do primeiro tempo.
A situação extraordinária foi motivada por duas lesões importantes, uma em cada tempo. No início da partida, o goleiro iraniano Alireza Beiranvand sofreu uma concussão após um choque de cabeça com um colega de time. Ele foi atendido por 10 minutos no gramado, antes da substituição.
Mas as outras três partidas, Catar-Equador, Senegal-Holanda e Gales-Estados Unidos, também superaram 100 minutos, sem importantes incidentes físicos.
A explicação está nas palavras de Collina, que já havia alertado na semana passada que as equipes de arbitragem estariam “muito atentas” ao tempo de jogo real da partida.
“Queremos evitar partidas com 42, 43 ou 44 minutos de tempo efetivo. Será necessário compensar os tempos das substituições, pênaltis, comemorações de gols, atendimento médico e, certamente, do VAR”, disse.
“As comemorações às vezes demoram 90 segundos. Este tempo deve ser compensado”, acrescentou o ex-árbitro italiano, que defendeu o “respeito aos torcedores e telespectadores”.
Apesar de uma intenção louvável, a medida também tem efeitos negativos. Ao final da partida entre Estados Unidos e País de Gales (1-1), o árbitro catari Abdulrahman Al-Jassim anunciou nove minutos adicionais. No período de acréscimo, vários jogadores desabaram no gramado e receberam atendimento para cãibras, o que levou o árbitro a prolongar ainda mais o tempo extra.
O segundo tempo durou mais de 55 minutos, sem lesões graves ou uso do VAR e com apenas um gol marcado.
O tempo de acréscimo também altera o placar: o iraniano Mehdi Taremi fez o segundo gol do Irã contra a Inglaterra aos 103 minutos e o holandês Davy Klaassen o segundo da Holanda na vitória sobre Senegal (2-0) aos 99.
“Acho que foram 24 minutos de acréscimo no jogo. É muito tempo de concentração”, afirmou o técnico da Inglaterra, Gareth Southgate. “Perdemos nossa concentração e quando jogamos em um ritmo mais lento, não somos tão eficientes”, completou.
O ex-técnico belga Marc Wilmots disse que a medida pode ter efeitos negativos.
“Vi os Estados Unidos afundando contra o País de Gales. Não vimos mais o time. O que me surpreende são as cãibras, os problemas com lesões e os jogadores que já estão no limite”, disse Wilmots à RTBF.
“O calendário foi ajustado para permitir sete partidas em 28 dias, sem contar as prorrogações, o que pode levar as partidas a 140 minutos se isto continuar assim. É insustentável”, completou.
O ex-jogador inglês Jamie Carragher, no entanto, elogiou a iniciativa. “Adoro o tempo de acréscimo dos árbitros da Copa do Mundo. Há muito tempo perdido no futebol”, tuitou.
Fonte: ATarde