Também participaram do encontro o reitor da Universidade Federal da Bahia, Paulo Miguez; o superintendente na Bahia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Hermano Queiroz; e a coordenadora de cultura da Unesco no Brasil, Isabel de Paula.
A anfitriã do evento, Tânia Scofield, ressaltou a importância de abrir a discussão para a sociedade civil organizada. “Desde 2017, nós trabalhamos ações, projetos, intervenções e ideias para o desenvolvimento sustentável do Centro Histórico. Nesse momento, estamos abrindo essa discussão, contando com a participação dos moradores, de quem trabalha e de quem pensa a região para que tenhamos ideias e possamos ter como resultado uma perspectiva de um pensamento mais coletivo”, afirmou a gestora, especialista em Desenvolvimento Urbano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Segundo Pedro Tourinho, titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), este mês a administração municipal estará focada em trazer especialistas e propor pautas importantes para pensar na etapa de planejamento estratégico e de ações para o desenvolvimento da cidade.
“Nenhuma cidade histórica do mundo é bem resolvida se não tiver o seu Centro Histórico bem resolvido. Essa é uma missão e um desafio muito difíceis para todas as cidades do mundo. Com a criação do Distrito Cultural do Centro Histórico e Comércio de Salvador, em abril deste ano, a Prefeitura começou a desenvolver algumas ações de zeladoria. A iniciativa já diminuiu incidentes, aumentou o número de turistas e trouxe melhorias para o ordenamento e infraestrutura da região. Agora estamos planejando as ações da segunda etapa, que são as de Conteúdo, e as ações de uma terceira etapa, que compreende o Desenvolvimento Econômico e Habitacional”, disse Tourinho.
Isabel de Paula destacou a importância de Salvador para a Unesco, traduzida em ações, como a declaração do Centro Antigo como sítio do Patrimônio Mundial, em 1985 e a integração da capital baiana à rede de cidades criativas da Unesco na categoria Música, em 2015.
“É uma grande alegria para a Unesco participar desse evento realizado em uma cidade tão amada, que é Salvador, e tão importante no que se refere a patrimônio. Esse evento marca o encerramento de uma cooperação técnica internacional de sucesso com a Prefeitura de Salvador, por meio da FMLF, iniciando um novo projeto envolvendo a Secult para apoiar as ações de implementação do Distrito Cultural do Centro Histórico e Comércio de Salvador”, afirmou.
Apresentação – O arquiteto e vereador da Câmara Municipal do Porto, Pedro Baganha, fez uma breve apresentação da história do Porto dos últimos 20 anos. Pedro destacou que a cidade portuguesa passou por uma modificação urbana muito grande em diversos aspectos, entre eles o do turismo e da infraestrutura. Com a reforma do aeroporto e instalação de novas companhias aéreas, em 2006, a cidade tornou-se um destino turístico, ação que teve como resultado muito investimento, mas também alguns problemas.
“Eu acho que no final o saldo foi positivo. Esse resultado foi obtido a partir de um contínuo de ações: nós fomos Capital Europeia da Cultura em 2001 e fomos Patrimônio da Humanidade em 1996, por exemplo”, disse Baganha.
O arquiteto ressaltou a felicidade em participar do evento, trazendo um pouco da experiência internacional para Salvador. “Essa é a minha primeira vez aqui. Mesmo com pouca experiência na cidade, eu acho que Salvador tem um potencial cultural e turístico absolutamente incrível, pois é a alma do Brasil. Os desafios são os problemas sociais e a promoção da ocupação das edificações históricas”, opinou.
Ciclo de debates – O evento, que terá mais três encontros neste mês de julho, acontece sempre às 14h, no Centro Cultural da Câmara dos Vereadores de Salvador. Além de “Reabilitação Urbana”, serão debatidos os temas “Habitação em Áreas Centrais”, no dia 11; “Dimensão Social e Vulnerabilidades em Áreas Centrais”, no dia 18; e “Cidades e Cultura”, no dia 25 de julho.
Os debates são abertos ao público e contam com a participação de comerciantes locais, lideranças comunitárias e representantes de grupos diversos relacionados de alguma forma ao Centro Histórico. A iniciativa propõe uma reflexão sobre ações voltadas à dinamização da região. A expectativa é que a troca de experiências contribua para o desenvolvimento das ações futuras do Distrito Cultural do Centro Histórico e Comércio.
Ao final do ciclo de debates, será realizada uma oficina de trabalho, no dia 26 deste mês, para discutir os encaminhamentos futuros das proposições do projeto e das reflexões dos debates realizados ao longo do mês. A ação integra a recente instituição do Distrito Cultural do Centro Histórico e Comércio, em 27 de abril deste ano, e está alinhada ao encerramento do projeto de Cooperação Técnica Internacional entre a FMLF e a representação da Unesco no Brasil, intitulado “Instrumentos e estratégias para o desenvolvimento sustentável do Centro Antigo de Salvador”.
Reportagem: Priscila Machado/Secom
Fotos: Jefferson Peixoto/Secom